Nestes últimos dias, postos de todo o país compraram mais combustíveis e receberam um número maior de clientes, ambos preocupados com um novo desabastecimento. Isso aconteceu, devido a boatos de uma possível greve reincidente por parte dos caminhoneiros.
Para muitos um cenário aterrorizante, para outros uma questão de auto controle e domínio absoluto sobre a gestão do posto. Mas qual postura define que um posto de combustível está ou não preparado para uma nova crise no setor?
Como se preparar para uma possível crise
A realidade deste segmento é que capital ou reserva para emergências é algo quase raro. Apenas 20% dos postos de combustíveis conseguem constituir uma reserva que seja suficiente para manter as portas abertas por mais de dois meses.
Essa quase rara reserva que tem por sua finalidade compor o “open doors number” (número para manter as portas de uma empresa aberta). Se tratando de um posto, seria o valor dos “custos e despesas fixas” de um mês, ou seja, por um mês vendendo ou não combustível, o montante das despesas estariam garantidos, sem a necessidade em recorrer a bancos ou terceiros.
Se formos um pouco mais conservadores, diríamos que o “open doors number” ideal seria para um período mínimo de seis meses. Sabendo que neste segmento, esse número é muito difícil. Mas claro, para grandes redes ou grupos de investimentos, pode ser possível. O fato é que, se você manter uma disciplina e controle ideal das entradas e saídas de caixa, muito mais fácil será sua previsibilidade em estar constituindo uma reserva para emergência.
O ponto crucial para se conseguir isso é ter políticas e processos bem definidos no que dizem respeito a retiradas de salários e destinação do capital de giro.
Se você dominar todo fluxo, será mais fácil ter controle sobre o ciclo financeiro. Em fim, saberá o quanto realmente precisa para estar preparado, e o melhor, conseguirá prever quantos meses vai precisar para compor a sua reserva para emergência.
O que muda quando a crise chega?
Bom, sabemos que o Brasil nos últimos tempos é igual a um barril cheio de pólvora, que a qualquer momento pode explodir. Imagine então uma nova crise de desabastecimento, argumento e maior preocupação por parte deste segmento. Mesmo que esteja preparado com a reserva de emergência, vai se perder dinheiro de alguma maneira.
Mas com essa reserva o impacto pode ser menor, perdendo praticamente um valor que estava excedente no seu giro e o fluxo de entradas e saídas não sofrerá impacto. Doerá menos. Diferentemente de quando você não está preparado, pois com a falta de vendas, não há composição da margem de contribuição e, com isso, todos os recebimentos realizáveis nesse período, serão destinado a cobrir despesas fixas.
O problema maior é quando retomar a operação, onde o capital de reposição de estoques de combustíveis não se formará. Nesse caso, como não havia capital excedente, o capital de giro foi consumido.
Enfim, sabemos que não se confirmou um novo ato que pudesse causar esse tipo de problema para os postos de combustíveis, mas fica um alerta que é preciso pensar em fazer a gestão financeira e constituir uma reserva para emergência.
Caso não saiba como se pode conseguir isso e não correr o risco de perder seu capital de giro por atos de terceiros, se responsabilize com seus próprios atos, que seria destinar parte dos lucros para criação de uma reserva e não considera-lo meramente um salário ou destinar recursos para investimentos que não incrementam receitas.
Créditos: Carlos Bispo | Especialista em Gestão Financeira
Fonte: Portal Brasil Postos