É obrigatório substituir o lubrificante do seu veículo. Isso significa que, após determinado tempo ou se o veículo rodar uma quilometragem específica, a troca de óleo do motor do carro deve ser feita. É que esse produto perde suas propriedades ao longo de seus inúmeros ciclos de trabalho.
Por isso, a troca de óleo do motor é essencial para o carro. Apesar de ser um procedimento simples, pode pegar muitos motoristas desprevenidos e acarretar em um prejuízo imenso. O gerente técnico de lubrificantes da Shell, César Cerbam, explica que o óleo protege internamente as peças do motor, reduz o atrito entre as partes móveis (que são metálicas), evita a formação de ferrugem, o acúmulo de sujeira e ajuda no resfriamento.
Um óleo velho não é capaz de proporcionar todas essas funções. Se você é um lambão e não se atenta para a lubrificação do propulsor, terá que lidar com as consequências do desleixo. E são muitas: formação de borra, perda de potência e até a fundir o motor.
Se o seu carro ainda estiver dentro da garantia, não deixe de seguir o plano de revisões da sua montadora, que já inclui a troca de óleo do motor. Porém, se a sua garantia já acabou, é hora de saber se virar sozinho. Então, siga essas dicas e certifique-se de que a mecânica do seu veículo tenha vida longa.
Quando fazer a troca de óleo do motor?
A primeira coisa é saber quando a troca de óleo do motor deve ser feita, informação que está no manual do seu carro. Vamos usar o Chevrolet Onix (mais vendido do país) como exemplo. Lê-se no manual do modelo:
Com o motor quente, troque o óleo a cada 5.000 km ou 6 meses, o que ocorrer primeiro, se o veículo for dirigido em “Condições de uso severo”.
Quando passarem-se 5.000 km desde a última substituição, faça a troca de óleo do motor. Se ainda não alcançou 5.000 km, mas já fazem 6 meses, hora de trocar também. Simultaneamente, deve-se substituir o filtro de óleo, pois ele acumula resíduos que podem contaminar o lubrificante novo.
Vale destacar: estamos usando o exemplo do Onix, que, no caso, prevê a quilometragem de 5.000 km. Mas isso não se aplica a todos os modelos. A recomendação para fazer a troca de óleo do motor pode ocorrer em quilometragens menores (a cada 4.000 km, por exemplo) ou maiores (a cada 10 mil quilômetros, citando caso análogo). Para descobrir o prazo correto, CONSULTE O MANUAL DO SEU CARRO.
Meu uso é severo ou leve?
Quando ocorre uso severo do carro, o óleo deve ser trocado em intervalos menores. E esse tipo de uso é corriqueiro, principalmente em grandes cidades. O diretor de Lubrificantes da Ipiranga, Miguel Lacerda, explica que essa é a condição dos veículos que enfrentam o trânsito pesado das grandes cidades, com o anda-e-para do tráfego ou por distâncias curtas. “Estradas de terra também são consideradas uso severo, por propiciar maior contaminação do óleo”, acrescenta Lacerda.
Por isso, não se engane e ache que o uso que você faz é leve. O membro da Comissão Técnica de Motores Otto, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade do Brasil (SAE), Henrique Pereira, destaca que uma das condições mais severas é a do veículo com pouco uso. “Por exemplo, quem sai para levar o filho e volta; sai de novo, faz compras e volta; depois busca o filho de novo”, detalha.
O uso leve seria o caso de veículos de frotas de transporte, que rodam em estradas e por longas distâncias. Para eles, a periodicidade é maior, como no caso do Onix:
Se o veículo não for dirigido em condições severas, troque o óleo a cada 10.000 km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro.
Como escolher o lubrificante
É preciso saber três coisas para escolher o óleo de motor certo para o seu carro: o índice API, o índice SAE e, em alguns casos, o tipo de óleo. Essas informações também estão no manual, como no caso do Onix:
Óleo especificado Dexos 1 ou equivalente de qualidade API SN, ILSAC GF5 ou superior e de viscosidade SAE 5W30.
Dexos 1 é um óleo lubrificante específico, recomendado pela Chevrolet. Isso quer dizer que o Onix passou por muitos testes com esse fluido, e eles foram feitos um para o outro. Mas não faz mal se você escolher outro óleo de mesmo API e SAE, desde que seja de uma marca confiável.
Em outros manuais ainda pode haver a denominação do tipo de óleo, que é mineral, semissintético ou sintético. Se não houver, é porque aquele lubrificante só está disponível em uma base, como no caso do Onix. O 5W30 é sempre sintético.
Por último, fica uma dica: uma vez escolhido o óleo lubrificante, seja fiel a ele. Evite mudar de marca, de tipo ou de qualidade. A mistura de óleos diferentes pode levar a reações inesperadas e perigosas para o motor.
Óleo de montadora: melhor que os demais?
Geralmente, o fabricante do veículo indica, no manual do proprietário, um óleo lubrificante com sua própria marca. Quem produz o fluido, porém, não é a montadora, e sim alguma empresa petrolífera. Trata-se de um acordo comercial, que rege o fornecimento de fluidos com características específicas.
Vale destacar que, ao fazer a troca de óleo do motor, o proprietário do veículo não precisa usar necessariamente um produto com a chancela da montadora. É aquele caso do proprietário de Onix que não precisa, necessariamente, o lubrificante Dexos 1. Um fluido de outro fabricante, mas com a mesma base (sintética ou mineral) e índices idênticos de viscosidade (SAE) e aditivação (API), cumpre sua função com igual eficiência. Mas, vale lembrar, o consumidor optar por marcas confiáveis e bem-reputadas.
Sopa de letrinhas
As siglas utilizadas são índices que classificam o tipo de óleo de acordo com suas propriedades. Pereira, da SAE, esclarece que API (American Petroleum Institute) se refere a modernidade, e quanto maior a letra, melhores aditivos ele terá. Já o SAE (Society of Automotive Engineers) indica a viscosidade em temperaturas frias e quentes. No caso do Onix, a viscosidade a frio é 5 e quente é 30.
Com o API, é possível escolher óleos com especificações maiores, embora nunca menores. Só não precisa exagerar. “Não adianta você colocar no seu carro um óleo feito para máquinas melhores. Seria jogar dinheiro fora; não faz diferença”, explica Pereira.
Quanto ao índice ILSAC, pode ser ignorado, pois representa as mesmas informações e tem menos uso no Brasil.
Também vale lembrar que o tipo de óleo varia de acordo com as características dos veículos e de seus motores. A destinação do produto também é descrita na embalagem: lubrificantes para carros de passeio são identificados peça sigla PCMO (Passenger Car Motor Oil). Já motocicletas utilizam fluidos do tipo MCO (Motorcycle Oil), e veículos pesados, o HDMO (Heavy Duty Motor Oil).
Fique esperto com as maldades
Não confie nos frentistas. Não é nada pessoal contra esses trabalhadores, mas a má fé de alguns deles mostra que é preciso ligar a luz de alerta. Se o incauto motorista chegar desinformado ao posto e submeter a análise do óleo lubrificante a um profissional picareta, a chance de ser enganado é grande.
O frentista dirá, com ar de sabichão, que o “óleo está pretinho” (aliás, ele precisa ficar preto depois que passa a lubrificar o motor); ou que “a viscosidade não está boa” (para mensurar isso só com aparelhos sofisticadíssimos). Não caia nessa. Siga à risca as dicas do manual, faça a troca no prazo correto e não fique amedrontado com a panca de falsa autoridade.
Também não é necessário colocar aditivos no óleo lubrificante: se o frentista oferecer, pode dispensar sem receio. Isso porque os produtos atuais já têm todos os aditivos específicos para proporcionar o melhor rendimento possível. Desse modo, simplesmente usar um fluido com o API indicado pelo manual do proprietário já atenderá a todas as necessidades do motor.
Vale destacar que determinados produtos que prometem aumento da performance do lubrificante não têm eficiência comprovada. Em alguns casos, eles podem até prejudicar o desempenho do conjunto, uma vez que a mistura altera a fórmula química do lubrificante.
Um motor muito rodado deve usar óleo mais viscoso?
Quem rodou demais precisa aumentar a viscosidade? Depende. Embora haja muitas sugestões nesse sentido é fundamental acompanhar o consumo do lubrificante. Se não estiver queimando óleo em excesso, não precisa aumentar.
O engenheiro mecânico Antônio Alexandre Ferreira Correia, consultor master da gerência de Marketing e Desempenho de Varejo da Petrobras Distribuidora, explica que todos os motores, inclusive os novos, queimam uma pequena quantidade de lubrificante. “As montadoras descrevem no manual a quantidade que pode ser consumida ao longo de determinada quilometragem. Se está dentro da especificação, não há porque mexer na especificação do óleo”, explica.
O especialista pondera que, se o consumo ultrapassar essa tolerância, não há problema em usar um óleo mais viscoso ou próprio para motores de alta quilometragem. “Porém, se a queima passar a ser excessiva, a única solução é fazer uma retífica”, salienta.
Carros antigos devem usar lubrificantes específicos?
Muitos proprietários de veículos antigos, geralmente produzidos até a década de 80, já não encontram mais lubrificantes com a especificação exata indicada pelo manual do proprietário. É que esses produtos foram substituídos por similares mais modernos e e acabaram saindo de linha. Nesse caso, como proceder?
Correia, da Petrobras Distribuidora, elucida que não há problema algum em usar fluidos com aditivação superior. “A viscosidade é que tem que ser mantida. Mas os aditivos podem ser melhores”, afirma.
O especialista pondera que os donos de carros antigos não devem é utilizar produtos com viscosidade menor que a prescrita na hora de realizar a troca de óleo do motor. “Se for utilizado um lubrificante menos viscoso, a tendencia é de ocorrer uma queima de óleo muito grande. Isso porque os motores da época tinham folgas bem maiores que os atuais, e, geralmente, ainda estão desgastados”, previne.
Para o especialista, os carros que exigem maior atenção são aqueles produzidos nas primeiras décadas do século XX. “Em modelos muito antigos, produzidos até os anos 30, pode ocorrer uma incompatibilidade dos óleos atuais com as ligas metálicas dos motores. Nesses casos, podem ocorrer danos graves”, avisa. O ideal, para os donos desses veículos, é importar o lubrificante apropriado, caso ele não seja regularmente comercializado no Brasil.
Fonte: Autopapo